A palavra Çairé origina-se dos dois termos Çai Erê, que significa “Salve! Tu o dizes”, que era usada pelos índios como forma de saudação. Entretanto há uma controvérsia quanto a grafia da palavra Çairé. A palavra original é Sairé, mas em alguns momentos a comunidade de Alter-do-Chão, achou por bem, ou talvez por associarem sua derivação à linguagem indígena, passaram denominar a festa com uma nova escrita: Çairé. Entretanto, como pode-se contatar não há na língua portuguesa nenhuma palavra que inicie-se com "ç" e houve uma nova discussão sobre o assunto e por consenso, voltou-se a chamar a festa por seu nome original, Sairé.
Sairé: O Profano e o Religioso
Originariamente, a Festa do Çairé era um baile indígena (puracê), uma "corda em giro", ou melhor, uma espécie de dança de roda conduzida por um "arco", que era o motivo indígena desse préstito e festival, o centro geométrico de um animado puracê (baile). No período da colonização, padres jesuítas navegavam pelo rio Amazonas, catequizando os índios com música e dança - o que deu início a um ritual religioso, que se repete durante o dia, culminando com a cerimônia da noite, com ladainhas e rezas. Esse rito é um exemplo de como foi o missionário mestiçando a fé católica, através da dança e do canto, para catequizar o índio e dominá-lo por fim. Transformou-se portanto, em uma cerimônia religiosa e profana, onde entram nela a reza e a dança. Essa, consistia em passos curtos, como o de marcar passos dos soldados, com um movimento em que uma índia do centro servia de eixo sobre o qual girava o Çairé.
Sairé: A manifestação cultural
Com o passar do tempo, a festa do Sairé foi incorporando características populares com o acréscimo de danças e folguedos. Tais modificações fizeram com que a Igreja proibisse a sua realização em 1943. Somente em 1973, os moradores da vila de Ater do Chão resgataram o evento, conservando mais o cunho folclórico do que o religioso. A festividade era comemorada no mês de julho e posteriormente passou para a primeira quinzena de setembro.
A partir de 1997, foi inserida da festa do Sairé, a disputa dos Botos Cor de Rosa e Tucuxi como forma de enriquecer, difundir e manter viva a lenda mais famosa do povo amazônico. Como descreve a lenda, o boto se transforma em homem belo em noites de lua cheia, encanta as mulheres e seduz a cabocla mais bonita do povoado. A cada edição do Sairé, os botos se enfrentam na arena, desenvolvendo temas diferentes, porém sempre ressaltando a grandeza e beleza do caboclo amazônico.
O festival do Sairé e os Botos Cor de Rosa e Tucuxi têm como compromisso fazer de suas apresentações um resgate do imaginário poético de uma região abastada em lendas e estórias, além de promover o crescimento e a divulgação da nossa cultura e dos artistas locais. Para este ano, os botos lançaram os seguintes temas: ‘Este rio é minha rua' (Boto Cor de Rosa); ‘O suspiro da Amazônia’ (Boto Tucuxi). A programação oficial do Sairé 2009 pode ser conferida clicando aqui.
Ouça umas músicas típicas da festa
Estava aqui fuçando as profundezas de meu disco rígido e encontrei músicas de um álbum intitulado Çairé 1998 em que as músicas são cantadas pelo cantor Luiz Alberto e Grupo Borari. O nome das faixas eu não possuo. Disponibilizo as músicas para serem escutadas no player a seguir.
FONTE: Wikipedia, Brasil Mitos e Lendas e NoTapajos.com.