segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Floresta Nacional do Tapajós
A Floresta Nacional do Tapajós foi a primeira Flona criada na Amazônia, criada pelo Decreto n° 73.684 de 19/02/1974, pelo General Emílio Médici, com uma área aproximada de 600 mil hectares na margem direita do Rio Tapajós - municípios de Santarém, Aveiros e Rurópolis. Em 1996, com a criação do município de Belterra, a maior parte da Flona passou a pertencer a esse município.
Sendo criada de forma autoritária em 1974, a presença das populações tradicionais (ribeirinhos, caboclos e índios) não era admitida na Flona. A legislação naquele tempo tinha uma única receita para a presença humana no interior das áreas: a desapropriação. Conforme relatado em artigo encontrado na Internet, esse incidente gerou uma série de conflitos e comunidades que secularmente faziam uso dos recursos da floresta começaram a perder seu próprio sustento, conforme descreve o trecho:
“ É cedo da manhã. Uma sirene toca. O som vem do rio.... as pessoas que já estão de pé, reconhecem o aviso, abandonam suas casas rapidamente e correm para a mata, levando suas crianças, seus velhos e alguns poucos pertences. A cena ainda hoje está na memória dos moradores das comunidades ribeirinhas da Floresta Nacional do Tapajós (Flona), interior do Estado do Pará, Amazônia brasileira. Corria o ano de 1978 e essa abordagem era a melhor estratégia usada na época pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, o antigo IBDF, para fazer com que as populações moradoras da Flona deixassem de viver na floresta. Os barcos trazendo os funcionários do IBDF chegavam nas comunidades às margens do rio Tapajós, ligavam as sirenes para surpreender as famílias. E, assim, anunciavam que tinham vindo para desapropriar os moradores de suas terras...”
Esse impasse foi aos poucos sendo resolvido a partir de 1994, com o Decreto de Regulamentação das Florestas Nacionais. Diálogos entre o IBAMA e as populações ribeirinhas ajudaram na elaboração do Plano de Manejo. Hoje a FLONA é habitada por aproximadamente 1.100 famílias (estimam-se 6.000 habitantes) que vivem nas cinco áreas habitadas definidas pelo plano de manejo da unidade, elaborado em 2004. São caracterizadas principalmente por serem populações tradicionais que já viviam na área antes de sua criação, mas também com muitas habitantes provenientes de migração posterior. Estão distribuídas atualmente em 28 comunidades, uma sede municipal e em alguns lotes isolados ao longo da BR-163 (distribuídos em 1972 e 1973 pelo INCRA); vivem principalmente da pesca, da caça, do cultivo de mandioca, milho, arroz e feijão para subsistência, da criação de animais e da extração de produtos florestais não-madeireiros.
A seguir você pode ouvir uma música que retrata a vida do caboclo e seu relacionamento com a floresta.
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